Egon Müller: tradição no Mosel e excelência com a Riesling

Os Rieslings de Egon Müller são frequentemente reconhecidos dentre os melhores da Alemanha. E isso não é uma conquista qualquer, já que não faltam produtores de altíssima qualidade, que conseguem trazer diversas expressões desta variedade que colocou a Alemanha em destaque no mundo do vinho. É um produtor de muita tradição, superior a 200 anos, e que segue elaborando seus vinhos de forma tradicional, sem preocupações com modismos.

Com uma longa história, a vinícola é baseada em Wiltingen, que fica a cerca de 15 quilômetros de Trier e fica próximo também da fronteira com Luxemburgo. De seus vinhedos próximos ao rio Mosel, elabora todas as suas cuvées a partir da Riesling, passando pelos tradicionais estilos que esta uva permite (Kabinett, Spätlese, Auslese, etc). Alguns deles, sobretudo aqueles de produção minúscula com uvas do vinhedo Scharzhofberg, são avidamente disputados, com seus preços refletindo sua qualidade e escassez.

Um pouco de história   

Se a história da Egon Müller começa em 1797, a tradição do vinhedo Scharzhofberg, de onde se originam a maioria dos vinhos da vinícola, é ainda mais antiga. Fontes citam que as primeiras videiras foram plantadas ainda na época do Império Romano, mas o vinhedo ganhou fama a partir da Idade Média, quando era controlado pela ordem dos beneditinos. Desde sua fundação em 700 d.C. até a Revolução Francesa, eram os monges do monastério de Santa Maria e os Mártires, em Trier, que cuidavam das videiras.

Com a invasão das tropas francesas após a Revolução de 1789, todas as terras controladas pela igreja nesta parte do Ducado de Luxemburgo foram confiscadas. E isso abriu a oportunidade para a criação do que viria ser a Egon Müller. Jean-Jacques Koch adquiriu a propriedade chamada Scharzhof em 1797 junto ao governo francês e, após sua morte, o legado passou para seus sete filhos. Uma delas, Elisabeth, casou-se com Felix Müller e ambos passaram dirigir o negócio. Como resultado de heranças e compras adicionais, o casal conseguiu dobrar o tamanho da propriedade em meados da década de 1850.

Foi seu filho Egon Müller quem mais contribuiu para o desenvolvimento e construção da reputação que a vinícola detém até hoje, com diversas premiações entre o fim do século XIX e início do XX. A Egon Müller segue até hoje em mãos da família e deu outro importante passo em 1954, com a aquisição da vinícola Le Gallais, comprando metade dos 2,5 hectares de seus vinhedos (Wiltinger Kupp e Wiltinger Braune Kupp) e alugando a outra metade.

Vinhedos

Atualmente, a Egon Müller controla 16 hectares de vinhedos, 8,5 hectares dos quais em Scharzhofberg, o que os coloca como o maior proprietário neste vinhedo, que é considerado como Grand Cru e que tem cerca de 28 hectares no total. A vinícola também possui 4 hectares no vinhedo Wiltinger Braune Kupp e 1,4 hectare em Saarburger Antoniusbrunnen.

Completam seu portfólio de videiras com parcelas em Wawerner Jesuitengarten (0.3 ha), Oberemmeler Rosenberg (1 ha), Wiltinger Braunfels (0.4 ha) e Wiltinger Kupp (0,4 ha). Todos estes vinhedos apresentam diferentes composições de solos de ardósia, os dominantes nesta região e que trazem características próprias aos vinhos.

Agricultura

Boa parte dos vinhedos é composta por vinhas velhas, algumas delas ainda originárias do século XIX e plantadas em pé-franco. Por conta dos cuidados nos vinhedos e tipo de solo, os rendimentos são restritos a 60 hl/ha. Frequentemente, porém, são menores, na faixa de 35 hl/ha. Os vinhedos são cultivados de acordo com os princípios da agricultura sustentável e com aragem intensiva, até seis vezes por ano.

Mantendo uma tradição que dura décadas, há uso contido de produtos químicos. Não há uso de fertilizantes químicos, herbicidas ou inseticidas, apenas fungicidas quando necessário. Para a Egon Müller, a qualidade dos vinhos começa nos vinhedos. Isso é algo que parece óbvio atualmente, mas que parece ter sido ignorado por muitos na segunda metade do século passado.

Vinificação e vinhos

As uvas são colhidas à mão e depois prensadas sem qualquer contato com as cascas antes de serem fermentadas em tanques de aço inoxidável ou fuders de carvalho de 1000 litros, dependendo da safra ou cuvée. A vinificação é feita de acordo com princípios tradicionais e de baixa intervenção. São fermentações com uso de leveduras indígenas quando possível e repúdio a procedimentos como chaptalização ou técnicas mais modernas.

Sua linha de vinhos mais conhecida é aquela elaborada a partir do vinhedo Scharzhofberg, como Scharzhofberger Kabinett, Scharzhofberger Spätlese, Scharzhofberger Auslese (& Goldkapsel), Scharzhofberger Beerenauslese, Scharzhofberger Trockenbeerenauslese e Scharzhofberger Eiswein. O vinho de entrada desta linha é o Scharzhof, elaborado com uvas de seus vinhedos em Saarburg, Kanzem e Wawern e dos vinhedos Wiltinger Braunfels e Wiltinger Kupp.

Menos conhecida, há também uma linha de vinhos elaborados exclusivamente a partir dos vinhedos Wiltinger Braune Kupp, engarrafados com uma rotulagem diferente da anterior, sem a figura do castelo que está presente tanto nos rótulos dos Scharzhofberger como na chamada desta matéria. Embora não façam parte do portfólio de vinhos da Egon Müller, há também parcerias firmadas com Château Belá, na Eslováquia e outra na Austrália, ambas para a elaboração de Rieslings.

Nome da VinícolaEgon Müller-ScharzhofEstabelecida1797Website https://egon-mueller.de/EnólogoStefan Fobian UvaRieslingÁrea de Vinhedos16 haRegiãoWiltingen (Rheinland-Pfalz) DenominaçãoMoselPaísAlemanhaAgriculturaSustentávelVinificaçãoBaixa Intervenção

Fontes: Primum Familiae Vini; Frederick Wiltman (seu importador nos EUA)

Imagem: Primum Familiae Vini

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