Meu primeiro encontro com a biodinâmica nos vinhos

Meu primeiro encontro com a biodinâmica nos vinhos se deu em uma grande degustação nos idos de 2008 sob o comando do incrível Nicolas Joly. Com quarenta e dois produtores mundiais de vinhos, a maioria franceses de diversas regiões, com mais de 150 vinhos, todos produzidos pelos princípios da biodinâmica.

Foi uma grande mostra para satisfação do consumidor brasileiro ávido já à época por mais conhecimentos na área da biodinâmica nos vinhos. Foi a primeira feira de vinhos biodinâmicos da América do Sul. Sob a batuta do mítico Joly, um dos mais respeitados profissionais do vinho, e continua a sê-lo nesta área, e que detesta que o chamem de enólogo, quarenta e dois produtores de vinhos biodinâmicos estiveram no Brasil para uma feira inédita.

A grande frequência no evento comprovou a tese, do sempre crescente interesse no mercado brasileiro por parte dos produtores de vinhos, fossem ou não bio. Afinal, nosso mercado tinha e ainda tem muito que consumir em número de garrafas ou litros por habitante.

Um pouco da história

Joly começou sua conversão biodinâmica quando percebeu que, ao praticar a agricultura tradicional – dos pesticidas e fertilizantes – seu vinhedo tinha, em poucos anos, mudado radicalmente. O terreno havia se alterado, os insetos desaparecido, as perdizes sumido e o solo se ressentia. Isso o fez pensar: como as raízes captam seu alimento do solo? como o solo vive?

Um químico resolveria isso compensando ou retirando nutrientes, sais, pois imagina que assim resolve o problema como um todo. Mas não é exatamente assim que a coisa funciona. E é sobre isso tudo, as técnicas inovadoras, resultados pra lá de bons, e toda a polêmica que envolvia seu nome que fez valer a pena uma visita ao evento, tendo a chance de ouvir muito mais sobre vinhos biodinâmicos direto da fonte, pois além de participar com seus maravilhosos vinhos, Joly brindou os participantes com palestras e degustações inéditas e exclusivas.

Polêmicas e grandes resultados

Um homem que despertou polêmica e ganhou vários inimigos, pois, como ele mesmo disse certa vez, “essas energias são de certa forma gratuitas, e daí surgem os inimigos, pois, quando se contrapõe uma forma de produção agrícola assim generosa, se ameaça o mercado. Antes de beber um vinho, preciso saber de onde o vinho veio. Antes de beber, é preciso compreender, a compreensão amplia o prazer, aumenta a vitalidade, e é sempre da vida que falamos, não é?! E isso é uma coisa que mexe com o costume das pessoas, faz pensar. Não sou polêmico, sou honesto”. Comentou Joly com os presentes.

Abaixo um pouco do que vi e bebi naquela memorável ocasião em 2008.

Vinícolas presentes:

Áustria – Nikolaihof Wachau;

Austrália – Castagna Vineyard;

América do Sul – Camocim Organics, Viña Emiliana, Viña Antiyal;

França Alsácia – Domaine Valentin Zusslin; Domaine Marcel Deiss, Domaine Barmes Buecher, Domaine Ostertag, Domaine Pierre Frick, Domaine Josmeyer, Domaine Kreydenweiss;

França Borgonha – Domaine de Villaine, Domaine Giboulot;

França Bordeaux – Château la Grolet, Château Lê Puy, Château Lagarette, Château Falfas, Château Gombaude Guillot;

França Champagne – Champagne Fleury;

França Jura – Domaine André et Mireille Tissot;

França Languedoc Roussillon- Domaine Leon Barral, Domaine Cazes;

França Loire – Château Tour Grise, Coulée de Serrant; Domaine Saint Nicolas, Pierre Breton;

França Provence – Château Sainte Anne, Domaine Hauvette;

França Rhône – Maison Chapoutier, Domaine du Coulet, Domaine Lês Aphillantes, Domaine de Villeneuve;

França Sudoeste – Domaine du Pech;

Itália – Tenuta di Poggio, Loacker Tenute, Cascina degli Ulivi, Casina di Cornia, Tenuta di Valgiano, Azienda Agrícola Campinuovi;

Portugal – Quinta de Covela.

Alguns destaques que degustei: Nikolaihof Wachau, Antiyal, Marcel Deiss, Domaine Zind Humbrecht, Domaine Josmeyer, Domaine Ostertag, Pierre Frick, Domaine de Villaine, Château Lê Puy, Coulée de Serrant, Maison Chapoutier, Tenuta di Valgianoe, Quinta da Covela.

Até o próximo brinde!

Álvaro Cézar Galvão conhecido como O Engenheiro Que Virou Vinho, me dedico a comentar, escrever, divulgar, dar palestras e ministrar cursos de vinhos, bebidas destiladas e a harmonização com a gastronomia. Assino dentre outras mídias o site Divino Guia www.divinoguia.com.br

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Fotos: Álvaro Cézar Galvão, arquivo pessoal

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