Otimismo e alguns cuidados: quais são as perspectivas para a safra 2022 no Brasil

A safra 2022 já começou a ser colhida no Brasil. A perspectiva, até agora, é bastante positiva, ao menos na Serra e na Campanha Gaúcha. Por muitos anos, o principal problema enfrentando pelos viticultores da região foi o excesso de umidade e chuvas. Porém, alguns dos últimos anos vêm mostrando um cenário distinto, com seca e calor predominando.

A colheita 2020 foi considerada uma espécie de símbolo desta “nova era”. Foi quando o viticultor brasileiro teve que se preocupar mais com questões como stress hídrico e sobrematuração de uvas, do que com os “tradicionais” temores com excesso de umidade e doenças fúngicas. E a safra 2022 parece reproduzir o padrão visto em 2020.

Calor e seca históricos

Se a safra 2020 foi muito quente e seca, a de 2022 parece seguir o mesmo caminho. São várias declarações de agricultores gaúchos afirmando que não se recordam de um verão tão quente e seco, ao menos até meados de janeiro. Desde então, algumas chuvas esporádicas, sobretudo nos últimos dias, ajudaram a diminuir o impacto da seca.

As estatísticas parecem confirmar esta percepção. Em Uruguaiana, os termômetros superaram 41,6ºC no início de janeiro, a temperatura mais alta em 36 anos.  Em 22 de janeiro, o Rio Grande do Sul havia completado onze dias seguidos com temperatura máxima de 40ºC ou mais, uma onda de calor aparentemente inédita. Mesmo na Serra Gaúcha, os termômetros chegaram a superar 40ºC em Bento Gonçalves.

Impacto nas uvas

Por conta destas condições climáticas, a percepção é de uma safra com uvas muito saudáveis e de ótima qualidade. A preocupação maior é com a questão da acidez, já que com o calor excessivo, algumas uvas começaram a “cozinhar” nas videiras, sobretudo em vinhedos mais jovens. Para fazer frente a isso, muitos viticultores adiantaram a colheita para tentar manter a acidez, sobretudo no caso de uvas direcionadas para espumantes.

Na maior parte das vinícolas, uma parte importante das variedades brancas já foi colhida, sobretudo Chardonnay e Sauvignon Blanc, e, também, algumas tintas, como a Pinot Noir. As chuvas dos últimos dias, porém, podem adiar a colheita de algumas variedades tintas, entre elas Merlot e Cabernet Sauvignon. Nada preocupante, porém, segundo os últimos relatos.

Uma safra de qualidade

Em resumo, a safra de 2022 deve trazer vinhos em linha com os vistos em 2020, com ótima qualidade de fruta, potência e maior teor alcóolico. Ao contrário de outras regiões na América do Sul, sobretudo na Argentina e Chile, um ano mais seco pode trazer mais benefícios do que problemas para os viticultores brasileiros.

Porém, a questão do stress hídrico deve ser levada em conta. De forma geral, é de se esperar que vinhas mais velhas ou provenientes de regiões com mais acesso a recursos hídricos devem se destacar em 2022. Por conta de sua maior capacidade de suportar a forte seca, elas devem gerar vinhos mais equilibrados e elegantes.

Fonte: entrevista com produtores

Imagem: arquivo pessoal

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