Prepare o bolso: preço dos vinhos bate recorde histórico e deve seguir aumentando

Todo mundo já está sentindo que o dragão da inflação parece ter saído da casinha. E isso não é um fenômeno que ocorre somente no Brasil, onde o IPCA subiu quase 12% nos últimos doze meses. Se nos Estados Unidos a inflação em um ano já supera 9%, na Europa não fica muito atrás. Em junho deste ano os preços estavam, em média, 8,6% acima do mesmo período do ano passado.

Os principais vilões são os custos dos combustíveis e commodities agrícolas, ambos fortemente afetados pela guerra na Ucrânia. Porém, ainda existem pressões decorrentes da interrupção dos fluxos de comércio, ainda consequência da pandemia de COVID. Nestes casos, o fornecimento de diversos produtos continua parcial ou ineficiente, refletindo em preços mais altos.

Preço recorde de vinhos

E esta situação acabou refletindo também no preço dos vinhos. As estatísticas de comércio internacional deste produto, referentes ao primeiro trimestre de 2002, mostram isso. O preço médio dos vinhos exportados ao redor do mundo atingiu em março seu patamar mais alto da história. O litro de vinho foi negociado em média a € 3,55, mantendo uma tendência de alta de 14 meses. Por conta disso, o aumento em termos anuais ficou em torno de 20% em fevereiro e março deste ano.

Considerando a média dos últimos doze meses, o preço médio dos vinhos aumentou cerca de 12,4%. Os principais responsáveis foram os espumantes e os vinhos tranquilos engarrafados, enquanto o preço de vinhos a granel mostrou queda. Esta tendência também se reflete nas altas de preços por país, que foram mais significativas para exportadores como França e Itália, que exportam vinhos de maior valor agregado.

Vinhos ainda mais caros

A França é o país que historicamente obtém o maior preço médio por seus vinhos exportados. E esta condição somente se fortaleceu nos últimos meses. Em média, o preço dos vinhos franceses aumentou 21% nos últimos doze meses, para € 7,89, um patamar bastante acima dos demais principais exportadores. Este movimento foi liderado pelos vinhos tranquilos em garrafa, seguidos pelos espumantes.

No caso da Itália, a variação de preço no mesmo período foi de 6,6%, para € 3,29 por litro, aumentando seu diferencial em relação à Espanha, que viu o preço médio de seus vinhos aumentar apenas 2,2% para € 1,29. Vale lembrar que França, Itália e Espanha responderam, juntos, por cerca de 54% do volume e 61% do valor total do vinho exportado a nível mundial nos doze meses até março de 2022.

Elitização e especulação

Estes números deixam claro dois fenômenos: o aumento do preço médio dos vinhos e sua maior elitização. Cada dia aumenta mais o diferencial de preços entre os vinhos de maior valor agregado e aqueles mais básicos. Países como França, e em menor escala, Nova Zelândia, Estados Unidos e Itália, tem conseguido repassar ao consumidor preços mais altos. No caso de vinhos de alto valor, inclusive, claramente existe um elemento especulativo, com vinhos passando a ser vistos como uma opção de investimento.

Para o consumidor brasileiro o cenário é ainda mais complicado, até por conta da forte desvalorização do real nos últimos meses. Assim, além do aumento do preço dos vinhos em euros, o brasileiro é impactado pela perda cambial, que aumenta de forma significativa o preço do vinho importado por aqui. E pior, as perspectivas não parecem animadoras, dada a proximidade das eleições e as incertezas quanto ao fim da crise na Ucrânia.

Fonte: Observatorio Español del Mercado del Vino

Imagem: Iván Tamás via Pixabay

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