Quinta da Serradinha: uma viagem aos vinhos portugueses de antigamente

Portugal não cansa de surpreender pela sua diversidade de variedades e regiões. E a Quinta da Serradinha, sediada em Leiria, é um exemplo disso. Este pequeno produtor, já em sua quinta geração, segue produzindo seus vinhos de forma tradicional, com uso de uvas autóctones portuguesas.

Elabora seus vinhos seguindo o roteiro de baixa intervenção, tanto no tratamento dos vinhedos como na adega. Por conta deste perfil, é possivelmente mais conhecida em países como Estados Unidos, Canadá, Japão e Suécia, já que exportam cerca de 85% de sua produção, do que em Portugal. Por conta disso, seus vinhos são difíceis de achar, mesmo em sua terra natal.

História

A tradição da família Marques da Cruz na viticultura é antiga. Atualmente comandada por António Marques da Cruz, os passos iniciais foram dados pelo avô de António, que plantou as primeiras videiras em 1952 e seguiu no controle até 1974, quando seu pai assumiu. Foi ele quem tomou a decisão, em 1978, de cultivar as videiras de forma orgânica.

Por conta desta decisão, a Quinta da Serradinha foi uma das primeiras vinícolas que receberam certificação orgânica em Portugal, em 1994. Foi quando começou a existir regulamentação sobre o tema no país ibérico. Esta forma de agricultura segue sendo adotada até hoje, mesmo em uma região de forte influência oceânica, com a consequente umidade que favorece o desenvolvimento de doenças fúngicas.

Agricultura e Vinhedos

No total, são 7,5 hectares de vinhedos, boa parte plantados em solos argilo-calcários e em encostas de orientação sul. Nesta zona de influência atlântica, as precipitações elevadas e verões secos são compensados com brisas matinais, que conferem às uvas uma maturação lenta que preserva a complexidade aromática. Além disso, o uso de técnicas orgânicas e a pouca movimentação de solos ajudam a garantir a qualidade da matéria-prima.

A maior parte dos vinhedos é dedicada às variedades tintas, como Alfrocheiro, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Castelão e Baga, com maior destaque para as duas últimas. Já as uvas brancas plantadas, que respondem por cerca de 15% da produção, são Arinto, Fernão Pires e Encruzado.

Vinificação e Vinhos

Na adega, as uvas são desengaçadas e pisadas em lagares. Os vinhos brancos passam por maceração de dois a cinco dias, em seguida, são trasfegados diretamente para barris de madeira para fermentação, onde eles permanecem com suas lias, por um mínimo de 11 meses, sem bâtonnage. Os tintos são fermentados e envelhecidos em barris ou ânforas, com macerações relativamente curtas e períodos mais longos de élevage. Não há controle de temperatura na fermentação e o uso de sulfito é limitado a pequenas quantidades, geralmente na prensagem e antes do engarrafamento.

Sua gama de cuvées é relativamente pequena, geralmente são elaborados oito vinhos por ano, dos quais cinco tintos, um rosé e dois brancos. Nos tintos, a Baga e a Castelão predominam, tanto na produção de monovarietais como atuando como a uva principal em cortes. São duas cuvées brancas, uma produzida com Arinto e Fernão Pires e outra com Encruzado e Arinto. A composição do rosé varia de ano para ano.

Porém, há algo que todos seus vinhos têm em comum: uma pequena joaninha de madeira é sempre afixada logo acima da rolha, como uma espécie de lembrete dos princípios adotados por esta talentosa vinícola portuguesa.

Nome da VinícolaQuinta da SerradinhaEstabelecida1952Website https://www.quintadaserradinha.com/EnólogoAntónio Marques da CruzUvasBaga, Alfrocheiro, Touriga Nacional, Tinta Miúda, Castelão, Arinto, Fernão Pires, EncruzadoÁrea de Vinhedos7,5 haSede da VinícolaLeiria (Beira Litoral)DenominaçãoEncostas d’Aire PaísPortugalAgriculturaOrgânicaVinificaçãoBaixa Intervenção

Fontes: Website e mídias sociais da vinícola; Louis Dressner (seu importador nos EUA); Revista de Vinhos; Os Goliardos

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