Vinhos com aromas e sabores de manteiga, uísque ou rum? Conheça mais um novo modismo

O mundo do vinho é sempre sujeito a novas tendências e modismos. E, nos Estados Unidos, uma “nova” moda parece estar chamando a atenção. São os vinhos com sabores acentuados de manteiga e de outras bebidas alcóolicas que não o vinho, como uísque Bourbon. Apesar de soar como uma novidade para muita gente, este estilo, ao menos no que diz respeito à manteiga, está longe de ser uma criação recente, o que mudou foi a intensidade ou o marketing envolvido.

Historicamente, é comum vinhos passarem por barris e outros recipientes de madeira, sobretudo carvalho. Quando em contato por muito tempo com a madeira, principalmente madeira nova, os vinhos acabam adquirindo sabores que lembram baunilha e manteiga. Deste modo, nada de novo em encontramos estes sabores nos vinhos. Curiosamente, mesmo antes desta “nova onda”, os vinhos norte-americanos já ficavam dentre aqueles onde estas características estão mais presentes. Ou seja, já existe um público consumidor amplo para vinhos com estes sabores, ao menos por lá

O que mudou?

No que diz respeito aos aromas de manteiga e baunilha, do ponto de vista de vinificação pouco mudou em relação aos vinhos que já adotavam este estilo. O que parece diferente é o marketing. E ele “ataca” o que talvez seja padrão de vinhos mais bem avaliados hoje. Uma das tendências mais claras nos últimos anos tem sido a busca por vinhos mais diretos e frescos, a tal da “mineralidade”.

Esta busca por vinhos com aromas e sabores mais para a linha de madeira, tostado, manteiga e baunilha, assim, pode ser visto como uma espécie de “contra-ataque” ao recente domínio dos vinhos mais frescos e frutados. Um exemplo de uva onde isso vem ocorrendo é a Chardonnay, com vinícolas como Barefoot, Mondavi e Eden Valley embarcando de cabeça nesta tendência.

A disputa por este mercado vem se intensificando, inclusive com disputas jurídicas entre vinícolas nos Estados Unidos por conta do uso do nome. A gigante Franzia (terceira maior vinícola do mundo) foi processada pela JaM Cellars por engarrafar seu Chardonnay com a expressão Rich & Buttery (rico e amanteigado), muito semelhante a um rótulo próprio, chamado simplesmente chamado de Butter (manteiga).

Sabores de destilados

Uma outra tendência é a comercialização de vinhos que não somente trazem aromas típicos da passagem por madeira, mas também que remetem a bebidas destiladas. Por exemplo, que tal provar um vinho que passou por um período em barricas usadas para envelhecer Bourbon, aquele uísque norte-americano mais conhecido no Brasil pela marca Jack Daniels?

Esta tendência de envelhecimento em barris de Bourbon, porém, não começou com o vinho. Em 1992 a cervejaria Goose Island lançou uma cerveja chamada Bourbon County Stout, com passagem em barris fornecidos pela Jim Beam, talvez a maior concorrente da Jack Daniels. A chegada no mundo do vinho, porém, demorou. Foi somente em 2014 que a norte-americana Fetzer lançou comercialmente um vinho com este processo, algo que nos últimos anos ganhou a companhia de outras vinícolas, entre elas a Mondavi.

E não só barris de Bourbon têm sido usados. A própria Mondavi lançou uma linha de vinhos com envelhecimento em barris usados por destilados, chamada de Spirits-Barrel Aging. São quatro vinhos: um Cabernet Sauvignon e um Chardonnay em barris de Bourbon, um Chardonnay em barris de Rye Whiskey (centeio) e um outro Chardonnay, com passagem por barricas de rum.

O que esperar?

A primeira coisa a esperar é que esta moda deve chegar ao Brasil rapidamente. Isso vai ocorrer através de importadoras (estes vinhos norte-americanos parecem ser os candidatos mais óbvios) ou mesmo vinícolas brasileiras, talvez com uma adaptação para a realidade local. Já pensou em um Chardonnay com passagem em barrica usada para cachaça?

A aceitação vai depender do gosto pessoal de cada um. Assim como existe quem gosta de abacaxi na pizza ou ketchup na macarronada, há também que acredita que isso seja um absurdo. No caso do vinho, é parecido, mesmo rechaçado por muitos especialistas, é uma questão de gosto pessoal. Outro fator é olhar para como os brasileiros aceitaram também as cervejas aromatizadas, que fazem muito mais sucesso por aqui do que países com uma tradição cervejeira mais longa. Portanto, se prepare, logo você terá a possibilidade de provar (ou não) também no Brasil este novo modismo que vem conquistando os Estados Unidos.

Fontes: Wine Business International; Robert Mondavi

Imagem: Oli P via Pixabay

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