A safra 2023 definitivamente foi complicada no Hemisfério Sul. Enquanto a Argentina mostrou a menor produção de vinhos de sua história recente e a África do Sul produziu 14% a menos do que em 2022, agora foi a vez da Austrália divulgar seus dados. E o resultado foi pior que o esperado: a safra foi a menor desde 2000.
Segundo o National Wine Vintage Report, publicado pela Wine Australia, 1,32 milhão de toneladas de uvas para vinho foram colhidas em 2023, uma queda de 24% frente a 2022 e de 26% em relação à média de dez anos. As regiões do centro sul e sul da Austrália, como Riverland (South Australia), Murray Darling-Swan Hill (Nova Gales do Sul e Victoria) e Riverina (Nova Gales do Sul) foram as mais prejudicadas. O volume combinado destas regiões caiu 28% em relação ao ano passado, para 899.936 toneladas, contra 15% no resto do país.
Clima e outros fatores
Fatores econômicos, como limites de rendimento, uvas não sendo vendidas e vinhedos não sendo cultivados contribuíram para o declínio, assim como condições climáticas complicadas. O terceiro ano seguido do fenômeno La Niña teve forte impacto. Foi o ano mais chuvoso desde 2011 e também foi o ano mais frio da Austrália desde 2012.
O clima úmido persistente em grande parte do sul da Austrália dificultou o cultivo das uvas. Isso resultou em rendimentos mais baixos, maturação atrasada e dificuldade na contenção de doenças nos vinhedos. Tessa Dimond, agônoma da AGnVET Rural, em St George, Queensland, foi objetiva sobre o impacto do clima mais frio e úmido. “A safra 2023 foi um período de alta pressão de doenças fúngicas. Tivemos oídio em nossa área, algo não visto o que não vi por pelo menos sete anos”.
Contexto econômico
O valor total estimado das uvas para vinho colhidas em 2023 foi de US$ 983 milhões. Isso representa uma queda de 19% em relação ao ano passado, sendo o menor desde 2015. Peter Bailey, da Wine Australia, analisou os dados e seu efeitos. “Isso terá um impacto considerável nos resultados dos produtores de uva e vinho em toda a Austrália e isso está chegando em um momento em que os custos de insumos, energia, mão de obra e transporte também aumentaram. Então, é extremamente difícil para essas empresas individuais”.
Ele, porém, destaca uma consequência positiva: a safra menor deste ano ajudaria a indústria a reduzir o excesso de vinho armazenado. Vale lembrar que as exportações de vinho australiano sofreram forte redução nos últimos anos, sobretudo por conta de medidas restritivas impostas pela China.
Fontes: Wine Australia; ABC News; Centre for Crop and Disease Management
Imagem: Monika Häfliger via Pixabay
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