Brunello ou Rosso? Sant’Antimo ou Moscadello? Conheça as denominações de origem de Montalcino

Quem aprecia bons vinhos italianos certamente conhece a reputação dos vinhos de Montalcino. E a primeira imagem que vem à mente quando falamos desta região é um vinho tinto, encorpado, elegante e com ótimo potencial de evolução. Esta descrição se encaixa muito bem ao Brunello di Montalcino. Porém, esta região não se restringe somente a esta denominação de origem, que em 1980 passou a ser a primeira Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG) da Itália.

De fato, no território de Montalcino existem quatro denominações de origem distintas. Além da Brunello di Montalcino DOCG, são mais três denominações de origem diferentes: Rosso di Montalcino DOC, Sant’Antimo DOC e Moscadello Di Montalcino DOC.  Vale a pena conhecer as diferenças entre elas, até para entender melhor os vinhos que Montalcino pode oferecer.

Brunello di Montalcino DOCG

Criada em 1966 e elevada à categoria DOCG em 1980, a Brunello di Montalcino não é somente a mais conhecida como também a maior denominação de origem da região. São 2.100 hectares de vinhedos, após uma ampliação aprovada em 1997. A única variedade permitida é a Sangiovese, chamada também de Sangiovese Grosso ou Brunello.

Os vinhos devem ter uma graduação alcóolica mínima de 12,5% e podem somente ser comercializados em garrafas de formato bordalês. Na vinificação, eles devem passar por pelo menos dois anos em carvalho (era de quatro anos até 1980, quando passou a 3,5 anos, três anos em 1991 e o limite atual em 1998). O tempo mínimo em garrafa é de quatro meses, que sobe para seis meses naqueles rotulados como Riserva. Vale lembrar que até 1996 não eram permitidas barricas de carvalho francês no envelhecimento.

De forma geral, são vinhos de muita estrutura e longevidade, com potencial de guarda superior a 10 a 15 anos para aqueles elaborados em estilo modernista e até mais de 30 anos para os melhores vinhos dos produtores considerados tradicionalistas. Para muitos apreciadores de vinhos italianos, eles não somente ficam entre os melhores da Toscana, mas também de toda a Itália.  

Rosso di Montalcino DOC

A denominação de origem Rosso di Montalcino foi criada em 1983 e traz algumas características em comum com a Brunello di Montalcino DOCG, como o uso exclusivo da Sangiovese e de garrafas bordalesas. No entanto, traz normas menos estritas do ponto de vista de rendimento máximo tanto por hectare como quantidade de vinho por quilo de uva (90 quintais por hectare e 70%, contra 80 quintais e 68% no caso da Brunello di Montalcino DOCG). Atualmente são cerca de 510 hectares de vinhedos.

Outra distinção importante diz respeito ao envelhecimento mínimo dos vinhos. No caso do Rosso di Montalcino, o tempo mínimo é de 12 meses, que pode ser em garrafa, sem necessidade de passagem por madeira. O nível mínimo de álcool é 12% e os vinhos mostram uma variedade maior de estilos, até pela liberdade dada em relação ao envelhecimento. São, em linhas gerais, mais frescos e prontos para beber que os Brunellos, refletindo melhor as características primárias da Sangiovese.

Moscadello di Montalcino DOC

Esta é uma denominação de origem que busca resgatar a tradição da vinicultura em Montalcino. A região, até meados do século XIX, era conhecida sobretudo pelos seus vinhos brancos doces, chamados de Moscadello. Estes vinhos são elaborados a partir da uva Moscatel e, também, preenchem uma lacuna na região, que não tem tradição na elaboração de Vin Santo, em oposição a outras regiões próximas.

Criada em 1984, nesta denominação de origem podem ser produzidos vinhos com três métodos diferentes: Tranquillo (vinho branco não secos, com percentual de açúcar mais alto), Frizzante (espumante) e Vendemmia Tardiva (vinho de sobremesa feitos com uvas de colheita tardia). Além da regulamentação específica por estilo, a DOC tem limitações máximas de rendimento (100 quintais por hectare para os tipos Tranquillo e Frizzante, 50 quintais por hectare para o Vendemmia Tardiva). Dentre as quatro, é a denominação com menor área, com apenas 50 hectares.

Sant’Antimo DOC

Menos conhecida que as demais, a denominação Sant’Antimo DOC foi criada em 1996 e funciona como uma espécie de denominação guarda-chuva, incluindo uma parte importante dos vinhos elaborados em Montalcino que não se enquadram nas três denominações anteriores. Com 480 hectares de vinhedos,  os vinhos podem ser brancos ou tintos, elaborados como monovarietais ou cortes de todas as uvas autorizadas na Toscana.

Apesar da grande liberdade na escolha das uvas, há limitações em termos de rendimentos dos vinhedos (90 quintais por hectare para os vinhos brancos e Sant’Antimo Rosso, 80 quintais por hectare para outros tintos). Ao contrário das demais denominações de origem, o engarrafamento não precisa ser feito na área restrita de Montalcino, mas sim na província de Siena.

Falando nos tintos, alguns monovarietais (contendo entre 85% e 100% desta uva) podem incluir a variedade no rótulo, como por exemplo Sant’Antimo Cabernet Sauvignon DOC, caso também da Merlot e da Pinot Noir. Nos demais casos, incluindo cortes, os vinhos são rotulados apenas como Sant’Antimo Rosso DOC. O mesmo ocorre com os brancos, como Sant’Antimo Sauvignon Blanc DOC (e com Chardonnay e Pinot Blanc, também). Nos demais casos, incluindo cortes, os vinhos são rotulados apenas como Sant’Antimo Bianco DOC. As seguintes uvas são permitidas: Chardonnay, Malvasia del Chianti, Sauvignon Blanc, Pinot Blanc, Pinot Grigio, Trebbiano Toscano, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Canaiolo, Merlot, Pinot Noir e Sangiovese, além de algumas outras variedades locais

É permitida também a elaboração de vinhos de sobremesa que não se enquadram na tradicional Moscadello di Montalcino DOC. Assim, existem vinhos da região rotulados como Sant’Antimo Vin Santo DOC (brancos normalmente elaborados com Trebbiano e Malvasia Bianca) ou como Sant’Antimo Vin Santo Occhio di Pernice DOC (tintos doces, com as uvas Sangiovese e Malvasia Nera).

Fontes: Consorzio Brunello di Montalcino; World Atlas of Wine, Hugh Johnson; Mario Cagnetta e Wine Scholar Guild

Imagem: Mídias sociais do Consorzio Brunello di Montalcino

Mapa: Wine Scholar Guild

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