Chianti Classico aprimora regras para valorizar sua diversidade e suas uvas autóctones

A tendência de maior valorização das especificidades do terroir e das uvas autóctones segue ganhando força ao redor do mundo. E a Itália, com uma enorme diversidade de uvas e estilos de vinhos, além de longa tradição, não poderia ficar atrás. Uma de suas denominações de origem mais emblemáticas, o Chianti Classico, deixou isso claro.

No início de julho foram publicadas alterações relevantes nos regulamentos (disciplinare, em italiano) desta denominação de origem, cujos vinho sempre trazem em seus rótulos o tradicional Gallo Nero. O objetivo foi, em primeiro lugar, valorizar mais as diferenças de terroir existentes dentro desta área, que abrange cerca de 7 mil hectares, com produção anual média entre 35 e 38 milhões de garrafas. Ao mesmo tempo, buscou destacar o papel da uva símbolo da região, a Sangiovese.

Pirâmide hierárquica

Antes mesmo das alterações recentemente aprovadas, o Chianti Classico aposta há anos na diferenciação de seus vinhos. Em 1996 o Chianti Classico se tornou uma denominação de origem autônoma, já que anteriormente fazia parte da maior e mais comercial denominação Chianti. O motivo foi exatamente a necessidade de valorizar o terroir diferenciado, com regras mais estritas de produção.

Falando em regras, os vinhos do Chianti Classico podem ser divididos em três níveis (ou tipologie, como os italianos preferem usar), dentro de uma pirâmide hierárquica. Os Chianti Classico Annata são os mais básicos, seguidos pelos Chianti Classico Riserva, que necessitam de ao menos 24 meses de envelhecimento para receber esta classificação, contra 12 meses na categoria anterior. Por fim, existem os vinhos considerados como topo da pirâmide, os Chianti Classico Gran Selezione.

Criada em 2014, esta tipologia exige um tempo de envelhecimento de ao menos 30 meses, dos quais três meses em garrafas. Além disso, as uvas devem ser de vinhedos próprios, e os vinhos devem apresentar um conjunto de características organolépticas de excelência. Em um certo sentido, se aproxima do conceito utilizado da Rioja, onde qualidade e tempo de envelhecimento definem a escala hierárquica tradicional.

Mudanças recentes

As alterações recentes do disciplinare do Chianti Classico têm foco exatamente nos Gran Selezione. A partir de agora, os produtores contam com a opção de incluir em seus rótulos uma das 11 menções geográficas (um conceito já utilizado com sucesso no Piemonte), indicando qual a origem de suas uvas. Estas Unità Geografiche Aggiuntive (UGA) são: San Casciano, Montefioralle, Panzano, San Donato in Poggio, Castellina, Vagliagli, Greve, Lamole, Radda, Gaiole e Castelnuovo Berardenga.  

As 11 Unità Geografiche Aggiuntive do Chianti Classico

Em paralelo, foi aprovada uma medida com o objetivo de valorizar as uvas autóctones da região. A partir da safra 2027, a porcentagem mínima de Sangiovese no corte passará a ser de 90%, acima dos 80% permiridos atualmente. Além disso, os demais 10% serão restritos apenas a variedades nativas. Atualmente, são permitidas as uvas Canaiolo Nero, Ciliegiolo, Colorino, Fogliatonda, Malvasia Nera, Mammolo, Pugnitello, mas também as francesas Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah.

“É um marco histórico para a denominação”, afirmou o presidente do Consorzio Chianti Classico, Giovanni Manetti. “Agora todos os consumidores poderão finalmente escolher vinhos das diferentes UGA e apreciar as nuances do território do Gallo Nero: mais um passo para a valorização das características distintivas do Chianti Classico”.

Fontes: Consorzio Vino Chianti Classico; WineNews; Gazzetta Ufficiale

Imagem e mapa: Consorzio Vino Chianti Classico

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