Conhecendo os vinhos de Eduardo Torres Acosta

Eduardo Torres Acosta, que lançou seus primeiros vinhos em 2014, rapidamente se tornou um dos nomes de maior destaque no Etna. Este espanhol, originário das Ilhas Canárias, atualmente elabora seis vinhos distintos, quatro tintos e dois brancos. Ele consegue uma rara combinação entre profundo respeito ao terroir (cada um de seus vinhos mostra personalidade própria) e um estilo de vinificação que destaca a precisão e elegância.

Usando somente uvas de cultivo orgânico, suas vinificações são feitas separadamente, de acordo com a altitude dos vinhedos. As uvas são, em geral, co-fermentadas com uso exclusivo de leveduras indígenas em tanques de cimento, com a proporção de cachos inteiros mudando de acordo com a parcela e a safra. O vinhos são envelhecidos em tanques de concreto e/ou tonneaux usados e depois engarrafados sem colagem ou filtração, apenas com leve adição de sulfitos.

A seguir uma descrição mais detalhada e notas de degustações da sua linha de vinhos, importada ao Brasil pela Cellar. Se você não teve ainda contato com os vinhos deste produtor, realmente vale a pena conhecer seu trabalho de perto.

Versante Nord 2018, 13,5%

Um dos primeiros vinhos produzidos por Torres Acosta em 2014, é um corte de 85% Nerello Mascalese e 15% outras uvas (incluindo Nerello Cappuccio e Grenache). As vinhas velhas (idade média de 50 anos) são cultivadas em alberello e de forma orgânica em distintas parcelas de seis Contrade diferentes. São elas: Pietramarina, Allegracore, Daini, Friera, Zucconero e Caprieri, em altitudes variando entre 550 e 930 metros. É o seu tinto de entrada.

No visual, mostrou coloração rubi brilhante de média concentração, com um olfativo de muita tipicidade, marcado por aromas de frutas vermelhas (cereja) e notas florais e leve toque de fumo. Na boca, um tinto equilibrado e de alta acidez, taninos presentes com agradável rusticidade e corpo médio. Fruta e textura presentes, um excelente cartão de visitas.

Quota N 2019, 12,5%

Produzido pela primeira vez em 2019, o Quota N é um corte de cerca de 50% Nerello Mascalese, 20% Grenache e 30% de uvas brancas, como Grecanico, Carricante e Coda di Volpe. O vinhedo tem apenas meio hectare, com uvas plantadas em pé-franco, na Contrada Nave a mais de 1.050 metros de altitude. Os solos são vulcânicos, com muita areia e pedras e, por conta da altitude, é a última parcela a ser colhida. Na vinificação, as uvas são co-fermentadas e normalmente á a cuvée tinta que faz o menor estágio, em tanques de cimento, antes do engarrafamento.  

Um vinho de incrível vivacidade e identidade própria, certamente o mais funky e diferente do painel. Com coloração rubi de baixa concentração, mostrou um nariz cativante, com aromas de frutas vermelhas picantes, seiva e raiz (lembrando engaço) e pimenta branca. Na boca, altíssima acidez e muita tensão, com taninos leves, frescor e delicadeza. Um tinto com alma de vinho branco.

Arenaria 2019, 13,5%

Também elaborado pela primeira vez em 2019, Arenaria tem uma peculiaridade: não é um Etna de solo vulcânico. Os solos de seu vinhedo de origem, de 0,5 hectare e localizado no Monte Portella, em Castiglione, são sedimentares. A uma altitude de 700 metros e com orientação norte, este vinhedo tem solo basicamente de arenito, com argila e quartzo, dividido entre 90% Nerello Mascalese e 10% outras uvas, como Nerello Cappuccio, Grenache e as brancas Minnella, Catarratto, Grecanico e Inzolia.

Um vinho delicioso e mais aveludado. No visual, trouxe coloração rubi brilhante de concentração média, com olfativo rico em frutas vermelhas (groselha) e leve toque vinoso. No gustativo, mostrou alta acidez, taninos finos envolventes, um Nerello elegante, profundo e equilibrado.

Pirrera 2017, 13,5%

Também um dos vinhos pioneiros de Torres Acosta, é elaborado desde 2014. As uvas provêm de uma pequena parcela na Contrada Sciaranuova, a cerca de 850 metros de altitude. Foi um dos vinhedos que Torres Acosta recuperou, com vinhas em alberello de 50 anos, das quais 90% Nerello Mascalese. É um de seus três tintos de Contrada, com solos vulcânicos com muitas pedras, resultado da erupção de 1614.

Foi o ponto alto entre os tintos do painel, um vinho de altíssima gama, mais sério e profundo. Com coloração rubi brilhante de média/alta concentração, trouxe um olfativo intenso, com frutas vermelhas e notas terrosas, florais e de especiarias. No palato, um tinto de alta acidez, taninos finos e presentes, corpo médio. Amplo, longo e equilibrado, trouxe o equilíbrio ideal entre elegância e potência, arrebatando a atenção dos degustadores presentes.

Versante Nord Uve Bianche 2021, 12,5%

Seu primeiro vinho branco, sendo elaborado desde 2016. As uvas provêm dos mesmos seis vinhedos de vinhas velhas usados para produzir o Versante Nord tinto. Vale lembrar que era prática comum no Etna plantar diversas variedades (cerca de 10% a 15% brancas) em um só vinhedo. É um corte de 50% Minella e 50% outras uvas, como Carricante, Catarratto, Grecanico e Inzolia. Maceração pré-fermentativa de cerca de dois dias, co-fermentação com leveduras indígenas e 9 a 10 meses de estágio em tonneaux (30%) e concreto.

Um branco delicioso e muito preciso, com coloração amarelo palha e nariz complexo, trazendo aromas cítricos, de flores brancas e ervas verdes. Já na boca, mostrou alta acidez, corpo médio, frescor, fruta presente, leve untuosidade e textura bem agradável. Vertical e longo, deixou claro que o a face norte do Etna é também um território de qualidade para vinhos brancos,

Versante Est 2021, 11,5%

Elaborado desde 2020, é seu primeiro vinho com uvas fora dos vinhedos na face norte do vulcão. É um corte de 90% Carricante e 10% de outras uvas, provenientes de dois vinhedos, com altitudes entre 750 e 900 metros de altitude na região de Millo. Maceração de cerca de 2 dias, com 9 a 10 meses de estágio em tonneaux.

Um vinho mais elegante e delicado que o anterior, com coloração amarelo palha e leve turbidez. Seu olfativo se mostrou sutil e floral (camomila e flores brancas), com notas cítricas e de frutas brancas de caroço. Com acidez cortante e muito frescor, é daqueles brancos quase etéreos, com tensão e notas delicadas de frutas brancas e toque ligeiramente verde também no palato.

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