Diferenças regionais e liderança mundial: conheça as projeções da safra 2023 na França

O aquecimento global e a consequente maior incidência de eventos climáticos extremos vem marcando novamente a safra 2023 na Europa. Por conta disso, os três maiores produtores de vinho no mundo (Itália, França e Espanha) devem registrar uma queda de produção em relação a 2022. O impacto, porém, deve ser de intensidades diferentes.

Se na Itália a queda esperada de produção fica em torno de 14% e na Espanha na faixa de 11%, as perspectivas para a França são menos pessimistas. No pior cenário, a produção francesa de vinho fechará a safra 2023 em 44 milhões de hectolitros, uma queda de 3% frente ao ano passado. Mesmo com esta menor produção, a França recuperaria posição de maior produtor mundial de vinho, perdida para a Itália em 2015.

Cenário desigual por região

Nos vinhedos franceses, as perspectivas da safra 2023 variam bastante, dependendo da região. De um lado, estão as áreas que sofreram menores respingos das mudanças climáticas. Já de outro, há regiões que sofreram danos consideráveis. De forma geral, danos menores foram distribuídos por praticamente toda a França, sobretudo na forma de tempestades de granizo, como registrado em Anjou, Crozes-Hermitage, Mâconnais e Savoie.

Apesar destes eventos isolados, a safra 2023 parece promissora para regiões como Alsácia (se não ocorrerem novos casos de oídio), Borgonha, Champagne, Cognac, Córsega, Jura, Provence, Savoie (apesar do míldio e granizo) e Vale do Loire. Assim, na ausência de surpresas meteorológicas adversas entre agora e a colheita, a safra 2023 deve superar a anterior.

Por outro lado, algumas regiões devem mostrar uma colheita menor, sobretudo como resultado da pressão do míldio. Por conta de uma primavera mais úmida e fria que o normal, algumas áreas sofreram impacto relativamente limitado (como Córsega, Provença, Vale do Loire, Vale do Ródano). Em outras, porém, os danos foram severos, com destaque para Bergerac, Bordeaux e Gasconha.

Problemas estruturais

Embora as perspectivas indiquem que a safra 2023 deve superar, em quantidade, os níveis médios entre 2018-2022, existem questões mais profundas que demandam ações estratégicas. O desequilíbrio entre produção e consumo parece sistêmico em algumas regiões. Bordeaux é novamente o maior exemplo. Por conta disso, iniciativas como aumento na destilação de mostos e extração de vinhedos já estão em planejamento ou execução.

Além disso, a perspectiva de queda na demanda por vinhos franceses assusta os produtores. As exportações francesas de vinhos e destilados caíram 8% no primeiro semestre de 2023 e as projeções para o consumo doméstico são também pessimistas. Há projeções que apontam uma queda de até 25% no consumo de vinho na França até 2034.

Fontes: Vitisphere; Winecap

Imagem: KING LI via Pixabay

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