Pinot Blanc: polivalente sozinha ou acompanhada

A Pinot Noir certamente fica entre as mais valorizadas por quem aprecia grandes vinhos. O que muita gente não sabe é que esta variedade, originária da Borgonha e que apresenta uma grande instabilidade genética, deu origem a diversas mutações. Duas delas são amplamente reconhecidas: Pinot Blanc e Pinot Gris.

A principal diferença genética entre as três é o gene que controla a quantidade de antocianinas, que é um pigmento que dá cor às cascas das uvas. No caso da Pinot Noir, ele é plenamente ativo, resultando em uma variedade tinta. Já no caso da Pinot Blanc, este gene é inativo, de forma que esta mutação resultou em uma uva branca. No caso da Pinot Gris, por sua vez, o gene é parcialmente ativo.

Origens incertas

Não se sabe exatamente quando ocorreu a mutação que deu origem à Pinot Blanc. Há quem a associe a uma uva branca com características próximas às da Pinot Noir mencionada já no século XIV. Esta teoria afirma que sua origem teria sido em algum local entre a Suíça e a região francesa do Rhône. A partir desta região, teria sido levada para a Alemanha por monges cistercienses. No entanto, não há ainda qualquer comprovação científica.

Deste modo, o mais provável é que ela seja originária da Borgonha, onde sua primeira menção comprovada data de 1895. Como a Pinot Noir é conhecida pela sua instabilidade genética, é mais provável que a mutação tenha ocorrido nas regiões onde o plantio da Pinot Noir era mais difundido.  

Por exemplo, uma mutação relativamente recente e geneticamente comprovada ocorreu na Domaine Henry Gouges, em Nuits-Saint-Georges no início da década de 1930. O próprio Henry notou que uma planta de Pinot Noir dava origem a uvas brancas. Ele usou enxertos desta planta e lentamente expandiu a área com esta variedade em seus vinhedos. Com isso, deu origem ao que hoje é conhecida como Pinot Gouges, atualmente reconhecida como um clone da Pinot Blanc.

Características

É uma variedade de amadurecimento médio a tardio e de boa adaptabilidade a condições climáticas e diferentes tipos de solos. Seus cachos são pequenos, cilíndricos e compactos, o que a faz uma variedade adequada também para vinhos de sobremesa botritizados. Seus grãos são pequenos e esféricos, de cascas finas a médias.

A Pinot Blanc é bastante vigorosa e relativamente produtiva. Isso acaba exigindo maior controle de rendimentos, caso a alta qualidade dos vinhos seja o principal objetivo. Ela mostra baixa sensibilidade à clorose (o que favorece seu cultivo em solos com alta proporção de calcário), mas se adapta também em solos profundos, quentes, pedregosos ou não. A Pinot Blanc é também bastante resistente ao frio, embora seja bastante sensível a doenças fúngicas, como ocorre com a Pinot Noir

Vinhos

Estilisticamente, os vinhos monovarietais elaborados a partir da Pinot Blanc mostram aromas leves e delicados, além de acidez contida. É uma uva muitas vezes considerada como a parceira ideal para cortes com outras variedades, como Auxerois na França ou Grüner Veltliner na Áustria. Além de vinhos secos, também há uso difundido dela na produção de vinhos de sobremesa, sobretudo na Áustria, ou mesmo espumantes, principalmente na Alsácia e Itália.

Os vinhos produzidos a partir da Pinot Blanc tendem a mostrar um olfativo fresco e frutado com toques de pêssego, cítricos, maçã e aromas florais quando jovens, evoluindo para notas de pão e nozes quando mais maduros. Na boca se mostram leves e secos, com acidez média e corpo médio a baixo. Para alguns degustadores, ela lembra Chardonnay de clima frio, sem passagem por madeira. Esta percepção rendeu muitas dúvidas no passado, pois havia frequente confusão entre elas.

Área plantada

Apesar de ser possivelmente originária da Borgonha, a Pinot Blanc, até por conta da forte competição da Chardonnay e Pinot Noir nos históricos vinhedos da região, é atualmente cultivada de forma mais extensiva em outras áreas da Europa. Destaque para Alemanha e Áustria, onde recebe o nome Weissburgunder, e no norte da Itália. Aliás, talvez seja possivelmente nestes dois últimos países onde atinge, juntamente com a Alsácia, na França, seu patamar mais elevado, em regiões como Burgerland, Alto Ádige ou Friuli.

Ainda sem plantios extensivos no Novo Mundo e por conta dos fatores descritos acima, em termos de área plantada a Pinot Blanc é uma uva com concentração em países europeus, principalmente os de língua alemã.  Nestas áreas é usada para produzir monovarietais, mas é geralmente utilizada em cortes com outras variedades. Segundo dados da OIV, em 2015 a área plantada ao redor do mundo era de 14.834 hectares, com destaque para Alemanha, com 4.973 hectares, ou 34% do total. A seguir vinham Áustria (1.992 ha, ou 13%), Itália (1.823 ha, 12%), França (1.232 ha, 8%) e República Checa (812 ha, 5%).

Nomes alternativos

Com uma distribuição geográfica bastante ampla na Europa, a Pinot Blanc mostra uma quantidade significativa de outros nomes, com destaque para Weissburgunder (como é conhecida nos países de língua alemã) e Pinot Bianco (na Itália).

Além destes, segundo o catálogo da Universidade da California – Davis, são também usados: Arbst weiss, Arnaison blanc, Arnoison, Auvernas, Auvernat, Beli Pinot, Beyaz Burgunder, Biela Klevanjka, Blanc de Champagne, Bon blanc, Borgogna bianco, Borgognino, Burgundac beli, Burgunder blanc, Burgunder weiss, Burgunder weisser, Burgundske Biele, Claevner, Clavner, Clevner, Daune, Epinette, Feher Kisburgundi, Feher Klevner, Feherburgrurdi, Feherburgundi, Gentil blanc, Kleinedel, Kleiner weiss, Klevner, Morillon blanc, Pineau, Pineau blanc, Pino Belyi, Pinot Bianco verde, Pinot blanc d’Alsace, Pinot blanc vrai, Pinot branco, Pinot Doux, Pinot verde, Plant de la Dole, Plant Dore, Roci Bile, Rouci Bile, Rouci Bile, Rulaender weiss, Vert Plant, Weis Silber, Weiss Elder, Weissarbst, Weissclaeven, Weissclevener, Weisser Arbst, Weisser Burgunder, Weisser Klevner, Weisser Rulander e Weissklevner.

Fontes: Foundation Plants Services Grapes, UC Davis; Distribution of the World´s Grapevine Varieties, OIV; Vins Alsace; Wines of Austria; Jancis Robinson; Plant Grape

O post Pinot Blanc: polivalente sozinha ou acompanhada apareceu primeiro em Wine Fun.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *