Produtores franceses se unem para valorizar os vinhos provenientes de solos vulcânicos

As características do solo trazem um enorme impacto sobre a qualidade dos vinhedos e, consequentemente, sobre os vinhos produzidos a partir destas uvas. Por conta disso, aumentou muito nos últimos anos tanto o mapeamento como o interesse pelas características do solo dos vinhedos. Independentemente da região de origem dos vinhos, o que se percebe é que os vinhos apresentam alguns atributos em comum, dependendo do tipo de solo.

Este é o racional adotado por um grupo de produtores franceses com vinhedos em solos vulcânicos para buscar uma certificação específica, baseada no perfil de solos. O grupo Vinora, baseado em Clermont-Ferrand e composto inicialmente por produtores da denominação de origem Côtes d’Auvergne, quer agora expandir seus horizontes.

Classificação dos vinhos vulcânicos  

Com base nos sistemas de classificação dos climats da Borgonha e dos Crus de Beaujolais, a Vinora está dando continuidade a um projeto iniciado em 2019, com a divulgação de um terceiro estudo científico de caracterização de terroir. O sindicato de produtores da Côtes d’Auvergne lançou um mapeamento de 350 hectares de vinhedos. Porém, este estudo irá além dos limites desta denominação de origem.

Além do território de Côtes d’Auvergne e dos vinhedos da Côtes du Forez, o estudo irá analisar também parcelas na Alsácia, como as do Grand Cru Rangen de Thann, além de vinhedos em Côte de Brouilly, Languedoc Pézenas e IGP Ardèche.  Assim, pela primeira vez, os vinhedos franceses em solo vulcânico terão um mapeamento mais completo, com especificações comuns.

Especificações de solo

Em processo de finalização, as especificações do novo sistema de classificação exigem que as uvas sejam provenientes de vinhedos reconhecidos como vulcânicos. Alguns exemplos são os solos resultantes de fluxos de lava, colúvio resultante da erosão, ou com grande presença de rochas vulcânicas (basalto, traquibasalto, andesito, traquinesita, traquita, riolita, dacite). Há também os solos vulcano-sedimentares (cinzas, pozolana, peperita, pedra-pomes), ou mesmo vulcano-sedimentares de proximidade (lama vulcânica ou lahard, talude de colúvio).

As informações estarão disponíveis nos rótulos dos vinhos. Segundo diz Gilles Vidal, presidente do Syndicat des Côtes d’Auvergne, “Os primeiros vinhos rotulados serão, sem dúvida, de Auvergne, porque o estudo que lançámos com o Instituto Francês da Vinha e do Vinho e Vinora permitirá refinar as especificações do rótulo”.

Perspectivas

No longo prazo, a perspectiva é que a área de vinhedos mapeados na Côtes d’Auvergne possa dobrar (para 700 hectares, contra os 350 ha atuais). Como parte da divulgação desta iniciativa, a associação prevê uma presença coletiva de vinhos vulcânicos na feira Wine Paris, em fevereiro de 2024. Estão previstas uma Masterclass e a apresentação das primeiras garrafas certificadas e rotuladas.

Esta iniciativa busca promover e defender os terroirs vulcânicos franceses, que respondem a cerca de 1% a 2% da produção de vinhos franceses, com o lançamento do selo Origine Volcanic. Porém, há o objetivo maior de integrar os esforços com associações de outros países com presença de solos vulcânicos (como a Itália, por exemplo). Estima-se que cerca de 2% da produção mundial de vinhos tenha como origem terroirs considerados como vulcânicos.

Fonte: Vitisphere

Imagem: Kanenori via Pixabay

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