Vinhos oxidados ou oxidativos: você sabe a diferença entre o que é defeito ou qualidade?

Se o mundo dos vinhos pode parecer complexo para quem está começando, boa parte disso se deve ao seu vocabulário específico. Muitas vezes alguns termos parecem difíceis de serem decifrados, o que somente fica pior quando são confundidos com conceitos ou expressões parecidas. E dois descritivos de vinhos que frequentemente causam confusão são oxidativo e oxidado.

Mas o que seriam vinhos oxidados? Ou qual o significado de processos ou vinhos oxidativos? Existe uma grande diferença entre eles? Para entender melhor estes dois termos, vale a pena dar um passinho para trás e entender o fenômeno de oxidação e, também, o processo de elaboração de alguns vinhos.

Oxidação e redução

Na química, o processo de oxidação se refere à perda de elétrons durante uma reação por uma molécula, átomo ou íon. Ele recebeu este nome pois, por muito tempo, se acreditou que o oxigênio fosse o único agente de oxidação (o que não é verdade). Este processo atinge diversos elementos químicos (muitos metais, por exemplo) e é muito familiar para todos nós. Basta pensar em um carro enferrujado ou naquela maçã ou abacate, que rapidamente muda de cor ao ser cortado ao meio.

No caso do vinho, porém, temos que criar uma distinção. Durante a vinificação, o enólogo pode optar por adotar dois modelos distintos: processos oxidativos ou redutivos. Por processo oxidativo, deve-se entender aqueles nos quais o enólogo opta por expor o vinho ao contato com agentes oxidantes, como o oxigênio. Deixar o vinho em um tanque aberto ou uma barrica de carvalho pela metade são considerados como processos oxidativos.

Por outro lado, ele pode optar por elaborar ou armazenar seu vinho em tanques selados de aço inoxidável, onde não há acesso de agentes como o oxigênio. Este seria um processo redutivo, onde, ao contrário do oxidativo, há um ganho de elétrons durante a reação com uma molécula, átomo ou íon.

Oxidativo ou oxidado

Com isso em mente, fica fácil entender o que é um vinho oxidativo. São aqueles nos quais o enólogo, deliberadamente, coloca o vinho em contato com o oxigênio, por exemplo. Existem diversos vinhos elaborados de acordo com estes processos, como os Jerez, na Espanha, ou os vinhos brancos produzidos com a técnica de sous voile na região francesa do Jura.

E os vinhos oxidados? Da mesma forma que os oxidativos, eles também sofreram com o contato com agente oxidativos. A grande diferença é que, nestes casos, o contato não foi deliberado ou controlado, ocorrendo em uma ou mais etapas de seus processos de elaboração ou armazenamento. Por exemplo, um vinho que tenha sido mantido em barricas de carvalho por muito tempo pode acabar oxidado, pois o oxigênio penetra pela madeira e provoca uma reação química no vinho.

Da mesma forma, também um vinho mantido por muitos anos em uma garrafa com rolha natural também acaba entrando em contato com o oxigênio, já que a rolha permite a troca de gases entre o que está dentro com o ambiente externo da garrafa. Muitas vezes, aliás, o processo pode ser relativamente rápido, se a rolha estiver defeituosa ou os vinhos forem mantidos em condições ruins de armazenamento.

Tom negativo ou defeito

Falar que um vinho está oxidado, deste modo, tem uma conotação negativa. Aliás, oxidação excessiva é considerada como um defeito em diversos manuais ou cursos de vinhos. Nesta situação, o vinho pode perder o seu frescor, com suas notas primárias (aromas ou sabores de frutas e flores frescas) substituídas por palha, madeira velha, flores murchas ou chá.  A coloração do vinho também muda, com os brancos indo até tons de âmbar, enquanto os tintos ficam amarronzados.

É importante destacar que oxidação é também uma questão de grau. O fato de um vinho estar levemente oxidado pode até ser encarado de forma positiva, acrescentando novos aromas e sabores. Mas quando a oxidação passa do ponto e o vinho passa a ser inteiramente dominado por esta característica, em detrimento das demais, não há como negar que temos um vinho com defeito.

Tom positivo ou qualidade

Por sua vez, ao falar de um vinho oxidativo, o tom muda. Em geral, a presença de aromas e sabores terciários é encarada de forma positiva. Estes vinhos foram deliberadamente feitos com a proposta de trazer estes aromas e sabores. Caso o enólogo os tenha elaborado da forma adequada, conseguem ser incrivelmente complexos sem perder o frescor, e durar muito tempo, às vezes mesmo depois de abertos.

São vinhos únicos, elaborados com a intenção de usar o processo de oxidação para gerar exemplares complexos e de alta qualidade. Vinhos oxidativos, portanto, podem trazer muito prazer e satisfação, contrastando com vinhos oxidados em excesso que, na maioria das vezes, acabam tendo a pia como seu destino final.

Fontes: Flawless: Understanding Flaws in Wine, Jamie Goodie; PixWine; Vinepair

Imagem: Hands off my tags! Michael Gaida via Pixabay

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